O MERCADO

Estou acompanhando de perto a tendência do momento no mercado: é polêmico! E assim? Pode ou não pode?

No último mês, uma série de reportagens e artigos têm trazido à tona um assunto que é, no mínimo, polêmico em todas as esferas: as flores secas do CBD; que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Costumo falar sobre esportes aqui na minha coluna, mas achei importante trazer para a mesa alguns insights sobre esse assunto também, já que estamos em um mercado pequeno, mas que cresce a passos largos.

Quando falamos de óleo, creme, gel, pomada, supositório, desodorante, shampoo, hidratante, cataplasmas, spray nasal, parece que todo mundo aceita sem questionar. Claro, há um ou dois comentários sobre a presença do Delta 9 nos produtos; algumas pessoas preferem não arriscar e ficar isoladas ou no amplo espectro, outras pesquisam mais a fundo e apostam no Efeito Entourage. Então por que quando falamos de flores parece que estamos falando de algo proibido? Se for a mesma substância, então por que vemos tanta polêmica e até discussão sobre se há benefício medicinal nessa forma de consumo? Na minha opinião, a resposta é simples e é o que gosto de chamar: inércia cultural.

Veja bem, os médicos não prescrevem flores para seus pacientes com a intenção de serem fumados, esse é o primeiro ponto. As prescrições são para vaporização, ou seja, o paciente precisa necessariamente ter um aparelho que não carbonize a flor seca, mas aqueça-a até o ponto de sublimação para que os canabinóides sejam liberados da flor e possam ser inalados. A via de administração pulmonar tem acesso direto à corrente sanguínea e, como ferramenta de resgate (para efeito rápido), é considerada uma das mais eficazes.

O segundo ponto é a discussão do recreativo x medicinal. Pelo que tenho visto na mídia ultimamente, parece que se o CBD for inalado ele “perde todas as propriedades medicinais e se torna algo apenas para diversão” - ou seja, se tomar o óleo é para a saúde, mas se inalar…. Ah, então virou festa! Pessoal, na minha opinião, e sendo bem objetivo, esse mercado só existe porque os médicos estão prescrevendo. Esse profissional de saúde tem autonomia para decidir o tratamento mais adequado para cada paciente, eles estudaram por muitos anos (e muitos ainda continuam estudando a vida inteira), e só ele pode definir se o tratamento com CBD é adequado para aquele paciente. E todos sabemos que cada pessoa é um Universo, com seus problemas físicos, traumas emocionais e crescimento pessoal em constante evolução. Portanto, se o médico decidir que a via inalatória é a mais adequada para aquele paciente específico, é isso que torna medicinal a substância que será administrada.

Quem faz o CBD ser medicinal é o médico e não a substância

A discussão não deve girar em torno da planta, mas sim de pesquisas científicas, estudos clínicos e artigos que tenham a ciência como base para o tratamento do corpo humano. Neste momento, devemos deixar de lado o estigma da mídia, a cultura da maconha e o que vemos na grande mídia sobre a planta e confiar nos médicos. Quando vamos construir uma casa, confiamos 100% no arquiteto e no engenheiro; quando fazemos um site confiamos 100% no desenvolvedor, quando voamos de avião o mesmo acontece com o piloto e assim por diante. Ou seja, temos profissionais qualificados para cada área da sociedade. Temos um órgão que regulamenta a importação de produtos de CBD e profissionais de saúde qualificados para decidir se o tratamento é adequado ou não para aquele paciente.

Portanto, fica aqui minha pequena contribuição para esta discussão: que o foco esteja na formação de profissionais de saúde e principalmente em investimentos em pesquisas de qualidade, com validade científica e que possam dar uma pequena contribuição para a ciência; que é exatamente o que já estamos fazendo com diversas outras substâncias encontradas na natureza.

Que a ciência seja a nossa estrela-guia, e não os interesses privados ou públicos, e que a saúde seja o nosso objetivo final - e o que podemos utilizar para melhorá-la, mais uma arma à disposição dos médicos neste arsenal para a melhoria da qualidade de vida humana.